terça-feira, 29 de maio de 2007

A flor e o alpinista...

A colombina continua vivendo. Já não dança como antes. Até tentava, mas não sente em seus pés a mesma capacidade de manter passos leves e seguros como fazia a tempos atrás. Pôs-se então a andar. Vagar sutilmente levada por lembranças pertubadoras que arrepiavam corpo e alma. Atravessou as ruínas e chegou ao bosque. Sentou-se na de baixo da maior árvore, onde havia mais sombra e onde podia-se sentir a brisa daquela tarde. Achou um livro de capa colorida. Como de costume, olhos as últimas páginas e percebeu que as últimas frases estavam incompletas....era uma história sem fim...uma história que ainda estava sendo escrita pelo tempo. Intrigada a colombina resolveu devorar cada página daquele livro colorido que contava a seguinte história:


"Era uma vez uma flor que habitava o pico de uma montanha. Alí era um lugar onde homem nenhum havia alcançado já a algum tempo. A flor era de uma beleza hipnotizante, digna de pintura, dotada de um aroma envolvente como nenhum outro e possuía em seu delicado caule um elixir raro, capaz de curar os tantos males que apavoravam o mundo lá em baixo. Dalí do alto daquela montanha, que se tornou gélida com o passar dos anos, a flor passou sua vida a observar as aventuras de senhores que tentaram escaladas frustradas para alcança-la. Cada tentativa era uma esperança e cada derrota era como a dor de uma pétala arrancada. O gelo da montanha dificultava o acesso, e a maioria dos senhores desistiam nas primeiras quedas. Um dia a flor pôde enxergar lá em baixo um pequeno alpinista, carregado de aquipamentos de escalada. Já havia assistido a cenas como aquelas inúmeras vezes...mas ainda assim se deixou assitir à tentativa daquele alpinista. Notou em seus olhos algo que não tinha visto em nenhum outro olhar....coragem. Ficou observando o alpinista, lenta e pacientemente alcançar cada etapa da montanha. Pelos difíceis obstáculos do caminho, sabia que ele acabaria desistindo. Quando notou...ele havia sumido do seu plano de visão. Começou a pensar que aquele seria mais um desistente. Sentiu-se murcha, pois nuunca havia chegado tão perto do seu sonho de sair daquela solitária montanha. Tão perto e tão longe. Eis que de súbito ela vê de perto o alpinista que finalmente havia conseguido chegar até o topo. Pôde ver o brilho dos seus olhos de perto sem nem acreditar que aquilo estava acontecendo.E o tão esperado encontro teve força capaz de derreter todo o gelo da montanha, o Sol brilhou no céu e iluminou as pétalas da flor deixando mais nítidas as cores que esperavam apenas aquele olhar para contemplá-las. Lá estavam a flor e o alpinista..."



A colombina viu-se chorar. Não queria sair dalí. Não queria fechar o livro. Queria viver aquela história....

segunda-feira, 21 de maio de 2007

Um fim de semana...

Essa colombina que vos fala já chorou, já sorriu, já dançou, já criou asas, coloriu, desejou, amou e odiou. Esse fim de semana ela se tornou a personagem mais pura do mundo. Pelo menos naquele mundo de luz negra.....se viu matéria bruta. Alí de baixo ela dançou como nunca e se sentiu bem. Limpa e livre. Viu as fitinhas coloridas passarem por seus olhos como borboletas.... e viu todos os olhos em sua direção, parecendo apreciar aquela energia que fluia de seu corpo em movimento. Viu olhares duros e ameaçadores...em tempos atrás...seriam até amedrontadores. Mas bateram no seu campo de proteção e desviaram pra bem longe....desaparecendo à luz do sol que acabava de nascer sobre o mar. Sorriu e voltou pra casa aquecida.

Passou o dia seguinte em frente a uma janela de onde uma luz forte iluminava seus olhos míopes para ver o mundo. De corpo cansado, mas ainda assim sentindo-se elétrica, ela dançou e cantou de frente à janela. Acenou e sorriu para os amigos, numa felicidade sublime. Afastou-se da janela por uns minutos e resolveu contemplar o mundo lá fora mas seu corpo não suportava a agitação de sua alma. Então voltou para casa e sentou novamente em frente à janela....e de lá voltou a observar o mundo à certa distância. Ganhou uma breve visita e pôs-se a pensar. Não...sem saber o porque ela começou a sentir. Pressentimentos. Mas não se deixou envolver e dormiu.

Sonhou. Sonhou e acordou mais uma vez no seu cotidiano. E foi abordada por um grupo de anjos protetores que chegaram para alertá-la e esclarecer aquilo que ela sozinha jamais conseguiria entender. A sua própria vida. Os acontecimentos que enchiam seu baú de histórias escritas em papiro imaginário. Percebeu porque havia ganhado naqueles últimos dias um campo de força (aquele que a defendeu dos olhares inimigos). Porque seus anjos estavam lá...com ela, em cada canto que ela estivesse. Enquanto ela dança, eles observam...e oram naquela lingua que ela nunca conseguiu aprender. Sentiu-se aquecida novamente, dessa vez não pela luz do sol, mas pelas asas quentes de seus anjos protetores. Chorou de alegria, como a tempos não fazia. E apesar de estar intimamente confusa...depois dos sonhos e pressentimentos...ela se sente tranquila. Sabe que não está sozinha. Decidiu esperar.

segunda-feira, 14 de maio de 2007

Sobre amor, instinto e caracóis...


- Mãe...o que são esses caracois?

- Ô minha filha...são aqueles bichinhos que carregam a casinha deles nas costas e vivem a passear pelos jardins!

- Mãe...eu sei...isso eu sei.Eu sei eu eles são caracois...Pq eles estão assim?
-O caracol macho está perguntando para a fêmea se ela quer ter filhotinhos!
-Perguntando?assim???desse jeito?mae...esqueceu que crianças são precoces?eu sei o que eles estão fazendo.mas o que eu não entendo é se eles se amam...
-Bom filha...aí já é um caso a parte! só pretendia te contar isso quando vc estivesse mais crescidinha...mas já que vc se adiantou.....Olha, até onde se sabe os caracóis fazem isso por causa de uma coisa chamada INSTINTO! E até onde se pode ver...o homem aprendeu com eles!
-Hum...mas mãe...quer dizer...que vc e o meu pai????vcs não se amavam?era so instinto?
-Bom, para casar comigo, seu pai usou o amor! Para se separar de mim, usou o instinto dele com outra!
-Certo...é ..vc ta certa...mas perai...amor e instinto podem estar juntos neh?
-Podem....e se tornam perigosos por conta disso!
-Mãe...o amor nao é lindo?instinto não é bom?como pode ser perigoso??Nem tente citar platão,que eu sou precoce mas nem tanto!
-Muita coisa boa pode ser perigosa! As coisas lindas tb! Quantas flores lindas podem soltar venenos mortais?? O amor e o instinto se confundem....são trocados....chegam em horas erradas....isso os torna perigosos!
-Mãe...vc fiilosofou profundo...ate parece uma srta pecinha de lego e uma colombina que eu conheço...rs Sabe o que eu acho?que caracois são só caracois.e que o amor é so o amor...E que instinto...instinto....
-E qual deles vc prefere???
-Mãe...prefiro os caracois.




By Colombina e Srta Pecinha de Lego

quinta-feira, 3 de maio de 2007

o ponto da loucura...


Sei que tenho errado muito em pensamentos. Aliás, tenho errado mesmo é em ação. Taçvez o pensamento até seja uma solução. Mas achei que seria perda de tempo.

Sinto-me como uma louca. Ou, como dizem, uma problemática. Do tipo que nem Freud explica. Do tipo que remédios e camisas de força seriam pouco para domar. Do tipo que se olha no espelho e não consegue mais se enxergar.

Tornei-me louca. Tornei-me compulsiva. Canibal insaciável. Passei pela loucura sadia, aquela que te faz feliz e orgulhosa ao acordar no dia seguinte. Agora cá estou, vivendo minha lucura descontrolada e insustentável. Perdida em ações e pensamentos, em ânsias e desejos que correm pelas veias, dominam corpo e alma. Corroem minha lucidez...

Minha loucura é reflexo de uma alma cinza e desamparada. Ela esconde, ou melhor, expõe a menina que procura seu sonho debaixo de lençóis brancos. Brancos como a sua pele, as suas vestes. Alí me sinto lúcida ao chegar, louca ao deitar e vazia ao sair. Os atos são frios. Não penso, apenas faço. Sigo os instintos, quebro os espelhos, arranco as grades...Para alguns isso faria bem, mas para mim só tem aumentado a dor que chega a se tornar física.

Olhos tristes e inchados, nó na garganta, dor no peito que não me deixa dormir. Vocês devem estar se perguntando: "Ei menina!! Onde está seu coração??". Parece que mais uma vez alguém trancou e empenou a chave. Assim como a minha camisa de força.